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terça-feira, 3 de junho de 2008

Também estou contagiado ________________ou________________ "Por que estabelecer um recorde no Guinness?"

Download Day 2008
Algum ser microscópico — como vírus, bactéria ou fungo — está se proliferando no meu organismo e iniciando uma sensação de desconforto forte o suficiente para me afastar das minhas classes mais uma vez. Como o mal está intermitente e ataca em qualquer posição física — em pé, sentado, deitado — continuei trabalhando em casa e dei de cara com isto:

Join us in our mission to set a Guinness World Record for the most software downloaded in 24 hours!

(Junte-se a nós na missão de estabelecer um Recorde Mundial do Guinness como o programa mais baixado em um período de 24 horas)

Em termos de Guinness, eu trocaria o livro tranqüilamente pela cerveja, nem que fosse para guardá-la na geladeira e esperar o fim do tratamento desta infecção para apreciá-la. Mas não é toda hora que um navegador te convida a transformar o simples e corriqueiro ato de atualizá-lo em um momento histórico e um grande ato de marketing.

O evento está bem organizado, com um mapa mundial registrando as adesões para "o grande dia de download" por país,
[enquanto escrevo isto, o Brasil é o terceiro colocado, 51.624 adesões, atrás da... Polônia(!?!), com 52.831, mas ambos ainda muito abaixo dos EUA, 106.925],
sugestões de como maximizar a participação transformando tudo numa festa (isso mesmo, Mozilla party on!) até mesmo no local de trabalho, todos se juntando durante o download (oportunamente, eles sugerem que os empregados baixem na hora do café ou lanche — ainda há chances de festejar e manter o emprego).
Deve parecer como o povo que não pode se ausentar do trabalho em dia de jogo da Seleção Brasileira de Futebol, todos aglomerados em torno de uma tela pequena, esperando o apito final para explodir em franca alegria... e depois voltar I-me-DI-a-TA-men-TE para a rotina. (isto é festa?).

Mesmo tentando dar um certo brilho à situação, é óbvio que esse recorde é meramente simbólico. Estar no Guinness não é sinônimo de qualidade, além de ter o incômodo de figurar ao lado de excentricidades como "o maior bigode do mundo" (segundo a auditoria do Guinness) ou "a menor escultura em madeira do mundo" (idem, se é que a categoria existe). O número de computadores que receberão o programa neste dia, na prática, é realmente irrelevante.

O Firefox 3 não será instalado em muitos destes computadores, principalmente os de empresas. Muitos usuários não tem autorização para instalar programas, o próprio Windows impede isto. Onde o Firefox for instalado, o Internet Explorer poderá deixar de ser usado, mas não eliminado. Tecnicamente, é possível removê-lo do Windows, mas o custo é perder algumas funcionalidades do sistema operacional, como visualizar o conteúdo de arquivos de imagens, por isso ninguém o faz; mesmo "aposentado", o IE vai ficar ali, ocupando espaço no disco rígido. Por que, então, instalar outro programa, ocupar mais disco rígido?

Há razões práticas e de bom senso para isto, e a maior parte delas pode ser resumida na frase "Não coloque todos os ovos numa só cesta". O Firefox, nesta e em suas encarnações anteriores, pode não ser o melhor navegador para internet — o que o IE também não é — mas baixá-lo de uma maneira que torne este ato memorável e noticiável, visível até para quem não tenha computador, marca uma postura: queremos ter opção, queremos ter alternativa.

Não sou fã da Microsoft. Pude testemunhar nos últimos vinte anos a redução de tamanho dos equipamentos digitais e aumento de sua capacidade, enquanto os programas da MS ficaram maiores sem ganharem necessariamente em eficiência. Pelo contrário, exigiam mais recursos da máquina para rodar adequadamente, notadamente memória. Para manter os consumidores a MS financiava memória RAM nos equipamentos fornecidos com seu software. Isto chegou ao cúmulo de alguns computadores vendidos sem sistema operacional custarem mais caro que outro, do mesmo fabricante, com Windows pré-instalado mas com o dobro de memória RAM do primeiro.

Várias pessoas, baixando um mesmo programa, durante 24 horas, provavelmente causará problemas de trafego na internet. Isto sem gerar nenhuma receita direta à Mozilla Foundation , pois o programa, em si, é de distribuição gratuita. Aparentemente, a editora do Guinness será a única com chances de lucrar alguma coisa com o evento.


Ajude o Firefox a atingir um recorde mundial

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